030 Gruta Nova - Columbeira

 
- Cavidade cársica cuja entrada actual, descoberta na sequência da exploração de uma pedreira, dá acesso a uma galeria que se estreita até à câmara principal e, ao fundo, a um apertado corredor terminando em chaminé. De planta irregular com cerca de 20 metros de comprimento, 3/4metros de largura média e uma altura média de 10 metros, possui uma sequência estratigráfica de 5.50m, embora nem todos os níveis contenham testemunho da presença humana. A gruta ter-se-ia encerrado ao exterior no final do Plistocénico. Situada na vertente Oeste do Vale Rôto, o acesso faz-se subindo o caminho pedonal que parte da bolsa de paragem existente na berma da EN 8-4, primeiro troço pedonal à direita que circunda o poço e segue pelo pequeno lanço de degraus até à plataforma de entrada.
 
exploração de uma pedreira, dá acesso a uma galeria que se estreita até à câmara principal e,
 
ao fundo, a um apertado corredor terminando em chaminé. De planta irregular com cerca de 20
 
metros de comprimento, 3/4metros de largura média e uma altura média de 10 metros, possui
 
uma sequência estratigráfica de 5.50m, embora nem todos os níveis contenham testemunho da
 
presença humana. A gruta ter-se-ia encerrado ao exterior no final do Plistocénico. Situada na
 
vertente Oeste do Vale Rôto, o acesso faz-se subindo o caminho pedonal que parte da bolsa
 
de paragem existente na berma da EN 8-4, primeiro troço pedonal à direita que circunda o
 
poço e segue pelo pequeno lanço de degraus até à plataforma de entrada.

levantamento topografico por realizar.

O homem de Neandertal

Desde que a famosa calote craniana do Vale do Neander na Alemanha foi desenterrada em 1856, o homem de Neandertal foi, durante anos, considerado um hominídeo de natureza brutal, e semi-simiesca. As últimas décadas de debate na comunidade científica distanciam-no dessas primeiras representações e temos assistido á sua crescente "humanização". A Península Ibérica tem sido apontada como local do último reduto Neandertal, pelo material que a arqueologia tem apresentado e pela validação de datas que na altura destas escavações pareciam impossíveis.
Na Conclusão do seu livro sobre a Gruta Nova da Columbeira e em posteriores artigos o Professor Dr. João Zilhão – especialista em Arqueologia Paleolítica na Universidade de Bristol – afirma que o espólio encontrado nos diversos níveis de escavação desta gruta torna-a um dos poucos lugares ibéricos que contem uma detalhada amostragem do que seria o tipo de vida do Neandertal Europeu.
Na conclusão do livro A Gruta Nova da Columbeira (2002), O Professor Luís Raposo - Director do Museu Nacional de Arqueologia - afirma que com a aceitação das datas de sobrevivência da “variedade mediterrânica” dos Neandertais a permanecerem nesta região até muito mais tarde (30 a 28 mil anos), a Gruta Nova da Columbeira assume uma importância tal que a coloca entre os principais sítios do final do Paleolítico Médio em toda a Europa. E o local onde terão permanecido os últimos Neandertais e o Mustierense Final Ibérico. (Musteriense é uma cultura englobada dentro do Paleolítico Médio, na qual domina o homem-de Neandertal. O seu nome procede do abrigo rochoso de Le Moustier em França, onde Gabriel de Mortillet descobriu em 1860 uma indústria lítica pré-histórica, associada com os fósseis de Homo neanderthalensis encontrados em 1907).
Dada a escassez de restos humanos encontrados em Portugal, um punhado de dentes e ossos desarticulados, alguns dos especialistas nacionais sobre esta questão apresentaram as suas perspectivas.
Para João Zilhão a causa deste cenário é que em Portugal se escava muitíssimo menos. Não há menos restos, há menos escavações. Esta visão é em parte partilhada por Luís Raposo, mas este acredita que esse não é o único factor explicativo. A verdade é que não foi ainda encontrada em Portugal nenhuma gruta com uma ampla ocupação do Paleolítico Médio. Pelo contrário, em quase todas as grutas onde se registaram presenças do Paleolítico Médio estas são muito discretas, quase vestígios, mesmo quando nos níveis superiores existem densas ocupações do Paleolítico Superior. A única excepção poderá ser a Gruta Nova da Columbeira, que possui uma ocupação intensa do Paleolítico Médio e uma ausência de vestígios do Paleolítico Superior, devida talvez à condição de a cavidade ser já impenetrável pelo homem nessa fase. Foi aqui recolhido o mais antigo resto neandertalense descoberto em Portugal, mas apenas um fragmento de dente. Luís Raposo tende a considerar que este padrão de menor ocupação das grutas durante o Paleolítico Médio no nosso país é real e já o procurou explicar através de padrões de ocupação do território e das condições climáticas gerais. Refere-se ao homem de Neandertal munido de capacidades intelectuais e sem gostar especialmente de habitar em cavernas. Numa região em que o clima nunca tivesse atingido os rigores glaciários da Europa mais setentrional, os bandos de Neandertais ocupariam preferencialmente vales de rios e maciços periféricos a baixa altitude, vivendo principalmente em acampamentos de ar livre e sendo por isso menos perceptíveis no registo arqueológico. Admite também que houvesse uma menor densidade populacional, mas isso está por estudar.
Nuno Bicho, Professor na Universidade do Algarve afirma que a questão é interessante e relevante no estudo da Pré-história portuguesa. Na sua perspectiva, existe um conjunto alargado de factores limitadores do número e qualidade de sítios arqueológicos do Paleolítico Médio em Portugal. Apresenta quatro factores principais: o reduzido número de investigadores em Paleolítico e especificamente em Paleolítico Médio; o deficiente treino e ensino em Paleolítico e em análise de indústria líticas; a falta de trabalho de prospecção dedicada ao Paleolítico; e o contexto da geologia e da geomorfologia. Para Nuno Bicho, o ensino de matérias relacionadas com o Paleolítico, bem como de especialidades fundamentais no seu estudo como é a geoarqueologia, a arqueometria e a zooarqueologia, é claramente deficiente na maior parte das universidades portuguesas. Disciplinas dedicadas à análise de materiais líticos são raríssimas em Portugal e se um aluno não souber reconhecer artefactos líticos talhados, dificilmente irá encontrar sítios arqueológicos da Pré-história antiga. Raramente em Portugal aparecem projectos de investigação dedicados inteiramente à prospecção arqueológica e, claro, menos ainda dedicados ao Paleolítico. O resultado é que os poucos sítios Paleolíticos que se encontram hoje são revelados acidentalmente ou através de estudos de impacto. Como um grande número de arqueólogos não tem a preparação suficiente para reconhecer artefactos líticos paleolíticos, estes sítios não são encontrados. Provavelmente, outros factores condicionantes à existência de sítios arqueológicos do Paleolítico Médio devem-se às condições geológicas das jazidas com esta cronologia. É possível que se encontrem soterradas por baixo de coluviões mais recentes ou em terraços fluviais e marinhos de grande potência que dificultam a sua detecção. Em alguns pontos do país, nomeadamente no Algarve, deu-se, provavelmente a erosão completa de terraços e perderam-se inúmeros sítios arqueológicos datados do Paleolítico Médio. Em relação aos factores geológicos, seria talvez interessante fazer um levantamento completo e sistemático das condições de jazida de todos os sítios arqueológicos do Paleolítico Médio de forma a, e com base nesse estudo, desenvolver padrões preditivos de localização de jazidas Moustierenses.
 

Biologia

Foi possivel identificar as seguintes espécies:

 

Bibliografia da cavidade

- Guia descritivo da sala de Arqueologia pré-histórica do Museu dos Serviços Geológicos de Portugal (1982) 

- Nota acerca das indústrias musterienses da Gruta Nova da Columbeira. Actas do 2º Congresso de Arqueologia Peninsular, Zamora, 1996 (1997) 

- O Paleolítico Superior e Médio em Torres Vedras da colonização original do território aos vestígios arqueológicos dos seus primeiros habitantes. Turres Veteras IV - Actas de Pré-história e História Antiga (2002) 

- https://sites.google.com/site/grutasdacolumbeira/gruta-nova-da-columbeira/o-homem-de-neandertal

 

Arqueologia

Possuí uma sequência estratigráfica de 5,5m , embora nem todos os níveis contenham testemunho da presença humana. O espólio recolhido é atribuível a periodos do Paleolítico médio e superior, tenso-se encontrado a indústria de técnica mousteriense associada a restos de Neandhertal. Foi possível ainda recolher, grande quantidade de fauna, sobretudo de micro-fauna.

 

Ficha de sitio arqueologico (DGPC).

 

Espólio

  • Lascas,lâminas de sílex, de quartzito e quartzo;
  • Uma lasca em técnica levallois;
  • Seixos fracturados;
  • Restos de micro-fauna;
  • Um dente de Neanderthal.