Geologia
A Gruta dos Alfaiates encontra-se escavada em camadas mais ou menos alteradas de calcário oolítico Jurássico. A geometria de algumas salas da cavidade sugere intervenção humana. Foi efectuada uma visita no sentido de verificar se, à geometria das cavidades, se podiam juntar outras evidências que suportassem a hipótese de extracção mineira, nomeadamente orientação das cavidades em relação à orientação das diaclases, marcas de impacto, escombreiras.
As salas visitadas têm uma geometria particular, com secção quase rectagular, o que levanta dúvidas quanto à origem e evolução da mesma. No entanto, as paredes cobertas por cristais de calcite depositados por acção da água, ocultam possíveis estruturas que melhor desvendem a origem das cavidades e até possíveis marcas de impacto de origem antrópica. Estas salas têm uma orientação coincidente com a orientação do diaclasamento. No entanto, o esboço topográfico ilustra uma passagem cuja direcção é totalmente diferente da do diaclasamento, suportando a hipótese de escavação humana. Igualmente, a camada do tecto do primeiro corredor da gruta tem um pendor ligeiramente diferente do pendor das camadas de calcário da cavidade, podendo ter sido ali colocada, o que parece reforçar a hipótese de acção humana.
É dificil identificar um depósito que corresponda a uma escombreira, visto que, por um lado, a gruta se encontra junta a uma pedreira em plena actividade que perturba o terreno e, por outro lado, a zona encontra-se densamente ocupado por muros e montículos de rocha, tão caracteristicos desta zona calcária. Pelo que, neste contexto e numa visita de reconhecimento geral, não foi possível identificar escombreiras.
Assim, tendo em conta o que foi explicado, não se pode excluir a hipótese desta gruta ter sido alvo de extracção de pedra no passado ou de qualquer outra acção antrópica. Apesar de não se ter observado evidências inequívocas de exploração, há elementos suficientes que justifiquem o seu estudo mais aprofundado, com uma equipa multidisciplinar, com melhor equipamento de iluminação e da cavidade na sua totalidade. Assim como será interessante estudar melhor a envolvente à mesma, no sentido de localizar possíveis escombreiras.
CEHL/NABUC
Carla Alexandra Tomás