003 Gruta dos Alfaiates

 

A cavidade "Gruta dos Alfaiates", localizada no Concelho da Lourinhã, Freguesia do Reguengo Grande, regista-se com a particularidade de presentemente ser a cavidade com maior desenvolvimento no Planalto das Cesaredas tendo pelo menos 480 Metros de progressão possível, é composta por um conjunto de diaclases paralelas com orientações de NO para SE. Os diaclasamentos estão bastante sedimentados, sendo a sedimentação presumível de cerca de 3 a 3,5 Metros em quase toda a cavidade sendo as diaclases presumivelmente com médias de 4 metros de altura. 

 

 

 

Geologia

A Gruta dos Alfaiates encontra-se escavada em camadas mais ou menos alteradas de calcário oolítico Jurássico. A geometria de algumas salas da cavidade sugere intervenção humana. Foi efectuada uma visita no sentido de verificar se, à geometria das cavidades, se podiam juntar outras evidências que suportassem a hipótese de extracção mineira, nomeadamente orientação das cavidades em relação à orientação das diaclases, marcas de impacto, escombreiras.
 
As salas visitadas têm uma geometria particular, com secção quase rectagular, o que levanta dúvidas quanto à origem e evolução da mesma. No entanto, as paredes cobertas por cristais de calcite depositados por acção da água, ocultam possíveis estruturas que melhor desvendem a origem das cavidades e até possíveis marcas de impacto de origem antrópica. Estas salas têm uma orientação coincidente com a orientação do diaclasamento. No entanto, o esboço topográfico ilustra uma passagem cuja direcção é totalmente diferente da do diaclasamento, suportando a hipótese de escavação humana. Igualmente, a camada do tecto do primeiro corredor da gruta tem um pendor ligeiramente diferente do pendor das camadas de calcário da cavidade, podendo ter sido ali colocada, o que parece reforçar a hipótese de acção humana.
 
É dificil identificar um depósito que corresponda a uma escombreira, visto que, por um lado, a gruta se encontra junta a uma pedreira em plena actividade que perturba o terreno e, por outro lado, a zona encontra-se densamente ocupado por muros e montículos de rocha, tão caracteristicos desta zona calcária. Pelo que, neste contexto e numa visita de reconhecimento geral, não foi possível identificar escombreiras.
 
Assim, tendo em conta o que foi explicado, não se pode excluir a hipótese desta gruta ter sido alvo de extracção de pedra no passado ou de qualquer outra acção antrópica. Apesar de não se ter observado evidências inequívocas de exploração, há elementos suficientes que justifiquem o seu estudo mais aprofundado, com uma equipa multidisciplinar, com melhor equipamento de iluminação e da cavidade na sua totalidade. Assim como será interessante estudar melhor a envolvente à mesma, no sentido de localizar possíveis escombreiras.
 
CEHL/NABUC
Carla Alexandra Tomás

Biologia

Foi possivel identificar as seguintes espécies:

 

Arqueologia

IDENTIFICAÇÃO DO SÍTIO:
O local da referida cavidade, é de conhecimento comum das comunidades ali adjacentes. Havendo algumas prospecções espeleológicas em anos anteriores, cujo resultado é de completo desconhecimento desta equipa. Assim numa prospecção espeleológica.  
Nesse sentido realizou-se, a cargo do grupo de espeleologos do CEHL/NABUC-Centro de estudos Historicos da Lourinhã, a exploração da mesma. Exploração essa que teve como participação a nível de salvaguarda arqueológica, a presença dos arqueólogos Luís Rendeiro e Adriano Constantino da Associação Patrimonium.   
 
CLASSIFICAÇÃO:
Quanto à sua classificação, este local não se encontra identificado no Portal da DGPC. E embora não se tenha conseguido verificar qualquer vestígio arqueológico à superfície do solo das diaclases que se encontram desobstruídas. As mesmas aparentam alguma colmatação do solo, e as obstruções verificadas em algumas diaclases poderão revelar contextos e vestígios arqueológicos, até então imperceptíveis na cavidade. Contudo são perceptíveis algumas manchas de solo com tonalidades escuras, aparentam alguma atividade, antrópicas ou naturais. A sua proximidade com grutas já classificadas como Gruta Principal, Lapa do Reguengo Pequeno, e Gruta da Feteira, bem como a proximidade ao Povoado do Paço, deixam algumas dúvidas sobre esta ausência de espólio. O que me parece mais uma causa de obstrução de algumas diaclases, e colmatação do solo da cavidade, a ausência, ou antes, a não observação desses mesmos vestígios. 
 
AMEAÇAS:
A Gruta dos Alfaiates, tem como ameaça iminente, principalmente à sua existência como gruta de interesse puramente geológico e/ou arqueológico, a intensa extração de pedra, levada a cabo por um pedreira ilegal. Pedreira essa que, situada imediatamente naquilo que hoje se verifica como findo da extensão total da gruta, e que a ação da pedreira acabou por destruir, aquilo que nos parece que seria a continuação de algumas diaclases, numa extensão que completaria para o dobro os 100m de extensão que a gruta hoje apresenta.  
  
      
PROTECÇÃO / VIGILÂNCIA:
A par do que acima foi referido, é de minha opinião, que havendo a possibilidade, de averiguação por parte de uma equipa multidisciplinar, das duvidas acerca da ação antrópica na mesma. Com o intuito de averiguar a importância da gruta a nível arqueológico, ou não. 
 
 
Associação Patrimonium
Adriano Constantino
Luis Rendeiro
 

 

A investigação sobre o historial da gruta levado a a cabo pelo NABUC em parceria com a DGPC resultou no conhecimento de uma escavação de sondagem arqueologica na decada de 70 que da qual se desconhece os autores e por consequência o desconhecimento de algum espólio existente.