I Congresso sobre o Planalto das Cesaredas

Durante os dias 31 de Março a 2 de Abril de 2017 a Associação Amigos do Planalto das Cesaredas em parceria com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, levaram a cabo o 1º Congresso sobre o Planalto das Cesaredas que decorreu no Auditório Municipal da Lourinhã onde foram abordadas uma panóplia de temáticas (Geologia, Geomorfologia, Paleontologia, e Arqueologia, Espeleologia, Fauna, Ambiente, Património, História, Costumes, Demografia, Ambiente, Atividades Económicas e Cultura) acompanhado de uma comissão científica constituída por José Carlos Kullberg, Luís Raposo, Sofia Reboleira, Fernando Reboredo, Bruno Pereira e Octávio Mateus.

Este Congresso em formato de conferência tem como objetivo a realização de um livro com o Prof. Octávio Mateus como editor científico.

O NABUC teve orgulhosamente presente ao qual se segue o resumo da nossa apresentação. 

 

O papel do voluntariado na ciência e salvaguarda do Património cultural e natural do Planalto das Cesaredas: Contribuições do NABUC

O Planalto das Cesaredas é detentor de um património geológico (particularmente espeleológico e paleontológico), arqueológico, biológico e etnográfico de grande importância para o oeste. Esta estrutura aplanada, de características carbonatadas, que se divide entre os concelhos de Lourinhã, Óbidos, Peniche e Bombarral, é o centro da atividade do Núcleo de Amigos dos Buracos das Cesaredas (NABUC). O NABUC surge em 2012 como intuito de cadastrar as grutas conhecidas do Planalto das Cesaredas e em 2014 torna-se secção de Espeleologia do Centro de Estudos Históricos da Lourinhã (CEHL). A sua equipa é constituída por voluntários espeleólogos, geólogos, paleontólogos, arqueólogos e socorristas.

 

O que inicialmente foi tomado como um cadastro simples de se organizar, considerando que registava-se um numero bastante reduzido de cavidades conhecidas, verifica-se agora que pode demorar perto de uma década para fazer o inventario de todas as georreferencias já corretamente identificadas, ao que podemos somar um tempo indeterminado para as cavidades que irão surgir com os trabalhos de enquadramento geográfico e reconhecimento de padrões após os levantamentos topográficos e a sua implantação de acordo com a geografia da area em que se enquadram.

 

O NABUC trabalha agora na localização, cadastro, topografia, estudo geológico e arqueológico das cavidades, sobretudo as do concelho da Lourinhã, tendo já cadastrado mais de 80 cavidades dos quatro concelhos. Tem desenvolvido parcerias com diversas parcerias com diversas instituições, como a Direção Geral de Património e Cultura, e a Patrimonium, contribuindo para a deteção e Salvaguarda de achados arqueológicos nestas cavidades e fora delas, como necrópoles neolíticas, fornos de cal antigos, aquedutos (aqueduto da Quinta do Perdigão) e para a relocalização de grutas com interesse histórico para a Arqueologia e Geologia nacionais, nomeadamente a relocalização das cavidades Lapa Furada e Cova da Moura (N.Delgado, 1867). Foram sinalizadas situações de perigo eminente para o património Arqueológico, como a vandalização da porta e consequente acesso não controlado da Gruta da Feteira.

 

O NABUC além de contribuir para o levantamento científico do Planalto das Cesaredas, colabora com as autoridades locais na busca e salvamento de pessoas desaparecidas em contexto cavernícola, estes voluntários organizam também atividades de divulgação do património do Planalto e de sensibilização da sua proteção através de ações de formação e participação em feiras e congressos. Enfatizam na importância do Planalto das Cesaredas enquanto estrutura geológica, estrutura de recarga aquífera, casa de enumeras espécies, enquanto local com tradições próprias e depósito de vestígios importantes da história do Homem.

 

O NABUC não é pioneiro na atividade desenvolvida, regista-se inúmeros casos de trabalhos de excelência desenvolvidos por outras associações nomeadamente a AESDA sendo exemplo claro da Gruta Casal da Lebre e o Espeleo Clube Torres Vedras nos trabalhos desenvolvidos na Gruta Casa da Moura.

Carla Alexandra Tomás

(Geóloga)

Sérgio Pinheiro

(Arqueólogo)

João Figueiredo

(Espeleólogo)